No âmbito do Clube de Ciência Viva, os alunos e professores da equipa Ciência Viva do Agrupamento de Escolas José Sanches e S. Vicente da Beira deslocaram-se a Manteigas, à BurelFactory para assistirem in loco à transformação da lã em burel.
Na última primavera, os alunos assistiram à tosquia das ovelhas, pelo que no seguimento dessa atividade surgiu a necessidade de verem o processo de transformação da lã em tecido, denominado por burel.
O burel provém da lã das ovelhas bordaleira, que vivem na Serra da Estrela. As características da qualidadeda lã destas ovelhas estão relacionadas com a alimentação, o clima e o pH da água.
Esta unidade fabril, que ainda utiliza máquinas que antigamente eram movidas a vapor, tendo sido alteradas para funcionarem a energia elétrica, sucedeu à Lanifícios Império, que teve o seu início em 1947, entrando em insolvência em 2011. Esta foi a forma encontrada para preservar o vasto património que ameaçava desaparecer, além do conhecimento transmitido ao longo de gerações. No local, pudemos assistir à lavagem da lã, cardação, penteação, dobagem e por fim tecelagem. O burel, tecido utilizado nas capas dos pastores da Serra da Estrela, pela sua resistência e impermeabilidade, tem hoje uma utilização mais vasta. Atualmente é utilizado na confeção de mantas, casacos, elementos de decoração, acessórios e mesmo no revestimento de paredes para a alteração da acústica. As cores e padrões tradicionais deram origem a padrões modernos de design e inovação, devido ao trabalho conjugado com vários estilistas. A qualidade deste produto prende-se a processos de transformação tradicionais, de produção lenta com certificação sustentável.
A visita teve o acompanhamento da técnica Cláudia Massano, licenciada em engenharia do ambiente, que nos mostrou além da fábrica com os seus processos de transformação, a sua paixão pelo tema e pela região.
A Burel Factory foi de facto uma agradável surpresa por tudo o que representa para as gentes da região da Estrela, mas também do nosso país.
Em seguida, visitámos a Real Fábrica Veiga, Museu dos Lanifícios, na Universidade da Beira Interior. Pudemos ver máquinas ainda mais antigas, as dificuldades que os trabalhadores da época tinham para o transporte das mesmas, para a laboração… Na época trabalhavam nas fábricas além dos adultos, as crianças, que muitas vezes faziam da fábrica a sua própria casa.